Ativismo de gênero nas escolas


Nota do site Não Existe Criança Trans: nós aqui do site não utilizamos a expressão “ideologia de gênero” e sim “identidade de gênero”, mas mantemos a forma como a autora original escreveu.

O post a seguir foi escrito pela Emily. Ao ler o relato da Emily, por favor lembre-se que as crianças recebendo apoio para transicionar pelo ativismo na escola da Emily estão trilhando um caminho que pode muito bem levá-los a tornarem-se pacientes médicos para o resto da vida, a tomarem hormônios que não são seguros, e a amputar tecidos saudáveis.


A ideologia trans caiu no meu colo, ou melhor, no colo da escola dos meus filhos, pela primeira vez ano passado. 2015 foi o ano em que a cultura trans ficou reconhecida e levou seus objetivos de separar sexo e gênero ao público dos EUA em geral. A mídia, os negócios privados, os militares e as escolas públicas foram todos capturados pelo furor sobre quem deve usar qual banheiro. Honestamente, eu prestei pouca atenção neste movimento e não tinha ideia de que ele adentraria minha vida familiar tão fortemente ou tão rapidamente.

A escola que meus filhos frequentaram por 13 anos foi atingida por todos os lados – a questão dos banheiros era um dos objetivos finais, mas a intenção real dos esforços era naturalizar a ideia do “sexo do cérebro” e acostumar os pais e professores a crianças que escolheriam seu “gênero”.

No último outono, os pais de um aluno do jardim de infância foram até a escola exigindo acomodações especiais para seu filho que “não se conformava ao seu gênero”, e que agora se identificava como uma menina trans. Antes mesmo do retorno às aulas, a família fez uma apresentação para os administradores, mostrando a progressão do seu filho na direção da não-conformidade de gênero. Durante o ano escolar, a família usou estratégias que parecem ter sido escritas por ativistas de gênero para serem usadas em todas as escolas.

Um pouco sobre as origens da escola: é uma escola charter pública com uma forte ênfase no envolvimento dos pais e uma abordagem cuidadosa, e também tediosa, de revisar todos os materiais usados em sala de aula. Por exemplo, o currículo e os livros usados em salas de aula são aprovados por comitês que sempre incluem pais e membros. Nosso Conselho Escolar tem uma maioria de pais e a escola segue a crença de que pais são os educadores primários. A ideia é fazer da escola um ambiente mais democrático e comandado pelos pais, o que, no melhor dos casos, significa mais confiança entre a escola e as famílias.

Então imagine minha surpresa quando eu recebi um comunicado do diretor dizendo que havia um estudante que não se conformava com seu gênero (tive que procurar isso no Google) na escola e que os estudantes do jardim de infância até o quinto ano discutiriam em aula um livro chamado, “My Princess Boy” (“Meu Menino Princesa”) para criar um ambiente mais acolhedor. A premissa deste livro é, essencialmente, uma tentativa de apagar estereótipos de gênero (apesar de o fato de o menino gostar de se vestir de princesa ser nauseantemente irônico), mas, na nossa escola, ele foi um cavalo de Tróia feito para criar simpatia por uma agenda ativista que logo chegaria e contornaria o processo de revisão de currículo. Só foram dados aos pais alguns dias de aviso para ler o livro. Pode levar até um ano para aprovar um livro para uso em sala de aula, e nossa escola é, às vezes, tão exigente que acabam escrevendo seus próprios livros! Eu nunca tinha ouvido falar de alguém tendo seu material aprovado tão rapidamente na nossa escola.

Em resposta a questões colocadas pelos pais, a administração afirmou que eles tinham que fazer tudo que podiam para evitar bullying e que o estudante em não-conformidade de gênero já tinha sofrido bullying dos seus colegas. A escola já tinha uma política de proibição contra o bullying que era abrangente e teria sido suficiente para prevenir ou corrigir o bullying por qualquer razão. Mas a alegação era de que esta era uma situação que era quase uma emergência e que algo devia ser feito rapidamente.

Com a intenção de acalmar a comunidade, uma “sessão de escuta” foi realizada na escola para que pais pudessem dar sua opinião sobre o fato de a escola estar trazendo o assunto da transgeneridade para a sala de aula. A comunidade estava muito dividida e algumas pessoas choraram. Muitos pais afirmaram que não havia como ajudar o estudante trans e que não havia como parar o bullying sem reconhecer completamente e ensinar sobre transgeneridade como uma realidade para todos os alunos. Deixaram claro, através de comentários, que se você acreditasse que esta questão deveria ser deixada de fora da sala de aula, você era preconceituoso.

Reuniões do conselho durante o ano tiveram os mesmos dramas. Nossas reuniões de conselho, que normalmente eram vazias, agora estavam sempre cheias. Grupos ativistas trans externos compareciam regularmente e convidavam adolescentes transgêneros para falar sobre suas dificuldades com depressão e tentativas de suicídio. Em uma reunião, o advogado da escola perguntou ao presidente do Conselho que acabasse com comentários públicos pois eles estavam criando um “ambiente hostil” após um dos pais ter lembrado o conselho do seu dever de respeitar o direito dos estudantes expressarem descontentamento com a ideologia de gênero. Nossas cartas ao conselho foram fortemente editadas – às vezes com remoção de mais da metade do conteúdo – antes de serem publicadas nas revistas do conselho. Aparentemente, declarar descontentamento é o mesmo que fazer ameaças. Neste ponto, aqueles de nós que se opunham à ideologia de gênero concordaram que a escola era, de fato, um ambiente intolerante e pouco acolhedor – mas só no que dizia respeito a nós.

A escola pagou um psicólogo para fazer uma apresentação sobre não-conformidade de gênero e crianças trans. Ele também foi pago para treinar os professores, duas vezes. A apresentação dele para os pais estava cheia de estatísticas manipuladas sobre coisas como taxas de suicídio, retiradas de grupos ativistas LGBT. Ficava claro, a partir da fala dele, que a transgeneridade é um diagnóstico muito subjetivo e que não é apoiado pela ciência. A mãe de uma criança trans, que trabalha com um grupo de defesa de pessoas trans, também falou durante a apresentação, mostrando um ângulo muito simpático e emocional da informação que nos estava sendo dada. Cheirava a propaganda e era realmente incrível ver uma escola de alta performance aceitar e promover tão rapidamente as afirmações anticientíficas da ideologia de gênero.

Seguindo conselhos sábios de alguém que já conhecia os ativistas de gênero, alguns pais decidiram escrever uma petição opondo-se a banheiros mistos antes mesmo de isso ser sugerido como proposta de política. Tipicamente, nós descobrimos, ativistas de gênero vêm até uma escola com livros infantis aparentemente inocentes, ou com programas anti bullying, e então mencionam a necessidade de lutar contra o bullying baseado em gênero escrevendo uma política de inclusão de gênero. As políticas de inclusão de gênero promovidas por ativistas de gênero sempre incluem banheiros e vestiários mistos, mas essa informação é, frequentemente, mantida sob os panos até que todos já estejam a bordo do trem. Nossa petição abriu os olhos dos pais quanto ao fato de que banheiros mistos estavam no horizonte de possibilidades. A petição recebeu centenas de assinaturas de pais na nossa escola (que é relativamente pequena), e solidificou e encorajou nossa comunidade de pais que se encontravam tornando-se cada vez mais isolados.

Mesmo afirmando que precisavam de confidencialidade sobre todos os aspectos do seu filho em não-conformidade de gênero que estudava na escola, a família concedeu uma longa entrevista à rádio sobre sua descoberta da não-conformidade de gênero do seu filho. Eles também trouxeram advogados de um grupo local de defesa de pessoas trans até as reuniões do conselho escolar e deram numerosas entrevistas à mídia local. Eles eram apresentados maravilhosamente em todas as ocasiões. A tentação de usar sua situação para alcançar um status de celebridade era óbvia.

Os estudantes da escola não estavam imunes ao que estava acontecendo. Vários alunos do jardim de infância foram retirados da escola devido à confusão (e até ao trauma) pela qual eles passaram ao ver um menino “se transformar” em menina. Crianças de cinco anos sabem que há diferenças entre meninos e meninas, e essa situação estava além da sua capacidade de compreensão. Pais relataram que seus filhos do jardim de infância estavam perguntando se eles poderiam crescer e virar alguém do sexo oposto. O ensino médio passou pela mesma confusão. Duas garotas se manifestaram numa reunião do conselho, afirmando que não estavam em conformidade de gênero. O clube GSA focava seus esforços exclusivamente na questão trans e encheu as paredes do ensino médio com cartazes dizendo que “Sexo não é o mesmo que gênero”. Havia muitas discussões durante o almoço e no intervalo sobre a questão trans, até mesmo entre as crianças mais novas. Meu filho, que estava na quarta série, decidiu não falar sobre o assunto após determinar que não concordava com a maior parte dos seus amigos. Pais começaram a usar bottons roxos quando iam à escola todo dia, indicando que eles apoiavam a ideologia de gênero. Era impossível não os ver e isso causou muitas perguntas vindas dos alunos.

Em janeiro já estava claro que pontos de vista diferentes não seriam ouvidos, então eu me juntei a um grupo de mães para planejar um evento que nos daria voz. Esta é uma escola pública que permite que terceiros aluguem seu espaço, então percebemos que eles teriam que alugá-lo para nós se nós pedíssemos. Então, nós o alugamos, e dividimos os custos entre os pais preocupados. Nós convidamos um advogado de políticas públicas para falar sobre as alegações legais, sociais e científicas do movimento transgênero. O anúncio do evento chamou a atenção dos ativistas LGBT locais e eles (ou seja, toda organização LGBT na nossa região) rapidamente organizaram um protesto. Nós contratamos seguranças e a polícia local ligou e ofereceu assistência de graça na presença de um sargento e três viaturas. Felizmente, eles escolheram protestar silenciosamente, segurando cartazes e enchendo o corredor perto das saídas. O seu envolvimento chamou a atenção da mídia, e os pais no nosso grupo estavam preparados para falar com os repórteres, e deram várias entrevistas. Como já era esperado, a maior parte da mídia nos mostrou sob uma luz negativa, mas nós acabamos aprendendo que até atenção negativa da mídia pode ajudar a espalhar a mensagem. Nós também contratamos um profissional para filmar o evento e colocá-lo no YouTube, para que ele pudesse ser compartilhado através do nosso Estado. Nós sentimos que tivemos sucesso no envio de nossa mensagem para outros pais e outras escolas no Estado, dizendo que a ideologia de gênero estava indo na sua direção.

Apesar de nossos esforços, no final a escola decidiu adotar uma política de inclusão de gênero que espelha a regulamentação modelo que o GLSEN (grupo LGBT presente em escolas norte-americanas) promove no seu website. Os estudantes agora têm acesso aos banheiros e vestiários com base em sua “identidade de gênero consistentemente percebida na escola”. Os estudantes também podem participar de viagens com pernoite em dormitórios baseados na sua identidade de gênero. A política defende que a escola tem a obrigação de ocultar o status de transgênero de um estudante dos outros alunos, pais e responsáveis, para preservar sua privacidade. As garotas não têm mais igualdade de condições em esportes, já que, de acordo com esta política, garotos podem jogar em times femininos, sem questionamentos. Agora, os estudantes também têm o direito de serem chamados por um nome ou pronome que preferem, e o uso deste nome e pronome é exigido de todos os membros da comunidade escolar.

Incrivelmente, esta política não foi o bastante para satisfazer a família da criança trans. De acordo com a família, em fevereiro a criança estava “expressando um desejo constante, persistente e insistente de transicionar socialmente”. Os pais avisaram a escola que o seu filho agora se apresentaria como uma garota e tiveram reuniões com os administradores para determinar como revelar esta transição para os seus coleguinhas. O plano incluía uma carta para os pais de alunos do jardim de infância, uma leitura do livro “I am Jazz”, e um aviso direcionado a quaisquer pais que decidissem que seus filhos não deveriam ouvir esta apresentação. O plano seria seguido sem a aprovação expressa de qualquer comitê, do conselho ou da comunidade. De fato, o plano exigia que as famílias nem recebessem um aviso prévio ou fossem informadas do seu direito de optar por não participar, de acordo com a lei estadual.

A escola reconsiderou e, no dia seguinte, decidiu não implementar o plano. A razão da escola: as famílias tinham o direito de saber quando a “educação de gênero” fosse compartilhada com seus filhos, e as famílias tinham o direito de decidir não participar.

A família da criança trans imediatamente o tirou da escola e abriu uma acusação de discriminação contra a escola no Departamento de Direitos Humanos da nossa cidade. Eles alegaram que a escola “(a) não protegeu o seu filho e outros estudantes transgêneros e em não-conformidade de gênero da escola Nova contra o bullying e hostilidade persistentes baseados em gênero, e (b) negou a sua filha o direito de passar por uma transição de gênero na escola Nova de maneira segura e oportuna, como ela havia feito em outras áreas da sua vida”. A queixa foi aberta com assistência da Gender Justice, um escritório local de advocacia especializado em direitos LGBT. Também é interessante perceber que o pai da criança trans é um doutorando em Psicologia na nossa universidade estadual, e a sua “linha de pesquisa principal foca na criação e implementação de políticas e práticas inclusivas de gênero em escolas públicas de ensino fundamental e médio”. Agora, ele iniciou uma organização sem fins lucrativos para ajudar escolas públicas a implementar políticas e práticas de inclusão de gênero.

A investigação da escola ainda está acontecendo, e eu espero os resultados com grande interesse. Este caso pode criar um precedente muito sério para a lei de discriminação de gênero na nossa cidade, nas esferas pública e privada.

Com o coração pesado, eu também tirei meus filhos da escola. Esta é a escola que todos os meus filhos frequentaram nos últimos treze anos. Nós matriculamos nosso filho mais velho no ano em que a escola abriu, e tomamos muitas decisões sobre a nossa família baseadas no nosso compromisso com a escola. Agora, nossa família está passando por dificuldades para pagar escola particular para sete crianças, e continuará passando por isso por mais ou menos 12 anos. E nós não fomos a única família a ir embora; muitas outras decidiram não retornar no ano escolar seguinte. Inscrições para matrícula na escola caíram perceptivelmente pela primeira vez na sua história. A desconfiança está muito profunda e a escola nunca mais será a mesma.

É um fato que todo o sistema escolar público dos EUA está agora enfrentando a mesma ideologia de gênero que nós enfrentamos ano passado. A diretiva sobre transexuais do ex-presidente Obama foi entregue a todas as escolas públicas do país no último mês de maio, e ela garante que esta batalha vai acontecer muitas vezes no ano escolar de 2016-17. Embora eu compreenda que nossa escola foi colocada em uma posição difícil e simpatize com a sua situação, no final das contas fiquei desapontada com as suas escolhas. Escolas públicas têm o dever de manter um ambiente acolhedor, o que requer neutralidade sobre algumas questões. Um dever ainda mais básico que foi ignorado pela nossa escola foi o de seguir simples fatos e dados científicos. Como foi ridículo escutar nossa professora de ciências do ensino médio argumentando que o sexo biológico é um conceito subjetivo!

Esta experiência mudou minha vida e eu me comprometi a levantar minha voz contra a ideologia de gênero sempre que eu enxergo qualquer coisa sobre isso, mas especialmente quando ela coloca mulheres, meninas e estudantes em perigo. Daqui para frente, eu me recuso a ser intimidada e a minha decisão de dizer a verdade só aumentou conforme os defensores desta mentira se tornam cada vez mais ousados. Eu espero que pais e mães ao redor do país se juntem a mim na defesa de nossos filhos contra políticas que os sujeitam a ideias e situações perigosas. O que está em perigo é o corpo e a alma dos seus filhos – Não tenha medo!

Emily


Traduzido de: https://youthtranscriticalprofessionals.org/2016/08/20/gender-activism-in-schools/